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Língua de Fogo de Valeria Maculan: onde o espaço e o corpo se encontram

Língua de Fogo de Valeria Maculan: onde o espaço e o corpo se encontram
bonart alaró - 02/09/25

Valeria Maculan é uma artista visual multidisciplinar que rompe com as fronteiras tradicionais da pintura, incorporando materiais, gestos e simbolismo para repensar a relação entre corpo e espaço com força plástica e profundidade conceitual. Sua carreira ampla e internacionalmente reconhecida conecta raízes latino-americanas com cenas artísticas europeias contemporâneas.

De 11 a 30 de setembro, a artista participa da Bienal B com a obra "Llengua de foc" , apresentada no Casal de Son Tugores, em Alaró, sob a curadoria de Iñaki Martínez Antelo e Alicia Ventura. "Llengua de foc" é uma instalação têxtil concebida como dispositivo cênico, desenvolvida em colaboração com o ateliê de artesãos Bujosa.

A peça central de Llengua de foc é uma imponente cortina suspensa que atravessa toda a sala, gerando um eixo visual e espacial que convida o público a uma imersão na obra. No interior, os figurinos do coro estão dispostos, acompanhados por uma série de máscaras de madeira, cuidadosamente desenhadas com bocas em forma de megafone, concebidas para amplificar e projetar a voz. Esta combinação de objetos têxteis e escultóricos é posta em movimento durante a inauguração através de uma ação coral: os intérpretes cantam canções populares da tradição oral maiorquina, criando um diálogo entre passado e presente, entre memória e experiência imediata. A obra constrói, assim, um espaço liminar, situado entre o performativo e o coletivo, onde a materialidade do têxtil, a presença da voz e a riqueza da tradição popular se fundem de forma poética e imersiva.

O título faz referência aos desenhos presentes nos tecidos que compõem a instalação. Os padrões utilizados lembram chamas em movimento, figuras que em Maiorca são chamadas de flàmule. Esse detalhe não apenas destaca a relação entre forma e conceito na obra, mas também se conecta às raízes culturais da ilha, transformando o tecido em um veículo simbólico que fala de memória, energia e expressão coletiva. Com esta instalação, Valeria Maculan consegue articular uma linguagem visual e sonora que desafia a separação entre objeto artístico e experiência comunitária, convidando o espectador a fazer parte de um ritual contemporâneo onde corpo, voz e tradição se tornam uma única história poética e plástica.

Lêngua de foc apresenta uma cena situada entre os universos do têxtil, da música coral e do simbólico. É uma obra viva que ganha forma e energia através da voz, gerando uma poética do "entre": um espaço onde corpos, tempos, memórias e saberes corporificados se encontram.

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