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Manifesta 15: Equilíbrio e impacto de uma bienal descentralizada
A bienal promove a descentralização, a memória local e a participação cidadã como eixos-chave do futuro cultural.
Durante doze semanas, doze cidades da região metropolitana de Barcelona foram palco da Manifesta 15, a bienal europeia que defende a descentralização das infraestruturas e atividades culturais. Com encerramento previsto para 24 de novembro de 2024, a edição de Barcelona da Manifesta não só se tornou um evento na agenda cultural, como também um passo adiante na reflexão sobre a cultura a partir de uma perspectiva coletiva e territorial. Com o apoio da Prefeitura de Barcelona e da Fundação Internacional Manifesta, e com o financiamento da Generalitat, do Conselho Provincial e do Ministério da Cultura, o projeto foi além das exposições temporárias.
Como de costume em edições anteriores, a organização encomendou uma pesquisa pública independente para medir o alcance e o impacto real da bienal. Este estudo, realizado pela Universitat Oberta de Catalunya, permitiu quantificar as impressões do público e examinar seus hábitos de visita. Quase 300.000 visitas foram registradas e uma média de quase quatro locais visitados por pessoa. Os dados indicam que 85,4% dos participantes eram moradores da região metropolitana e a avaliação geral foi bastante positiva, com mais de 91% dos participantes muito ou bastante satisfeitos com a experiência.
Fanja Bouts, A Largely Distorted yet Surprisingly Ordered Map of Regular Irregularities: A Dense Description of The Present Day History of The Future. Monestir de Sant Cugat. © Manifesta 15 Barcelona Metropolitana / Lluís Tudela
Pouco depois do fim da bienal, em janeiro de 2025, a compra da Casa Gomis pelo Ministério da Cultura , com um investimento de 7,2 milhões de euros, significa que o edifício se tornará um espaço verde e cultural gerido pelo MNAC. O sítio de Tres Xemeneies também tem continuidade garantida , pois sediará o Congresso Mundial de Arquitetos em 2026 e, posteriormente, será transformado na sede da Catalunya Media City. Entre os marcos materiais de destaque, estão incluídas ações como a restauração de elementos patrimoniais, a ampliação do acesso aos arquivos municipais, a reutilização e transferência de materiais e a publicação de novos conteúdos gerados durante o projeto.
Uma das apostas claras também tem sido trabalhar com arquivos e memória local. Espaços como a antiga editora Gustavo Gili ou as próprias Tres Xemeneies acolheram propostas que dão destaque a histórias frequentemente esquecidas. Um bom exemplo disso é Fora per fer escola, uma iniciativa que se concentrou, entre outras questões, em analisar uma mobilização que surgiu em Barcelona entre 1976 e 1977, em meio a um período de transição, para reivindicar uma educação pública digna e acessível. Como resultado dessa pesquisa, a artista Anaïs Florin decidiu doar toda a sua obra ao Arquivo Histórico Roquetes-Nou Barris, onde agora está disponível para consulta pública.
Agápē, taller conduït per Paisanaje a la Casa Gomis. © Manifesta 15 Barcelona Metropolitana / Helena Roig
Vale destacar também a exposição Arxius Negres, com curadoria de Tania Safura Adam e desenvolvida no âmbito da Manifesta 15, que representou um antes e um depois na programação. Essa iniciativa deu origem à primeira publicação de uma coleção dedicada às memórias afrodescendentes e seu tratamento institucional , recolocando em pauta o necessário debate sobre como as histórias da diáspora africana são documentadas, preservadas e narradas no contexto catalão.
Os resultados, no entanto, não podem ser medidos apenas em números de visitas ou publicações. A organização enfatiza que a bienal contribuiu para o fortalecimento das relações entre os municípios e para a criação de parcerias que poderão ser mantidas em iniciativas futuras. Também serviu para demonstrar como um modelo descentralizado pode favorecer novas formas de participação e engajamento dos cidadãos.
Exposició Arxius Negres © Manifesta 15 Barcelona Metropolitana / Helena Roig, 2024
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