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Exposicions

Coco Fusco: Aprendi a nadar seco

Uma imersão nas tensões entre linguagem, corpo e poder a partir da arte como espaço de questionamento.

Paquita y Chata se arrebatan, Coco Fusco (1996)
Coco Fusco: Aprendi a nadar seco
bonart barcelona - 21/05/25

A partir de amanhã, o MACBA apresenta uma nova exposição dedicada a Coco Fusco (Nova York, 1960), uma artista que, com uma perspectiva muito pessoal, mas sempre conectada ao contexto coletivo, usou sua obra para colocar o dedo na ferida em questões como racismo, poder, colonialismo ou a ideia de nação. E ele fez isso incorporando seu próprio corpo, palavras e ações como ferramentas criativas.

Até 11 de janeiro de 2026, o museu exibe Aprendi a Nadar a Seco, exposição que reúne cem peças do artista norte-americano de origem cubana. O projeto, com curadoria de Elvira Dyangani Ose, é resultado da colaboração com o El Museo del Barrio, em Nova York, e conta com o apoio da Fundação Ford.

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O título da exposição, que é a primeira frase do microconto poético Natação, escrito por Virgilio Piñera, serve como uma porta de entrada para o mundo proposto por Fusco: uma realidade onde a linguagem, o silêncio e a performatividade se tornam espaços de confronto. A exposição é estruturada em vários espaços que funcionam como capítulos dentro de uma história mais ampla. Encontramos, por exemplo, um olhar crítico sobre as promessas não cumpridas da Revolução Cubana, ou uma abordagem da prisão como um cenário físico e simbólico para o controle estatal. A instalação Aponte's Lost Podcast, produzida especialmente para o MACBA e com a participação do artista preso Luis Manuel Otero Alcántara, é um exemplo.

Também há espaço para rever o papel das instituições e do sistema artístico. Fusco não apenas aponta; propõe novas formas de habitar a arte por meio do confronto, da releitura crítica e da ação direta. O Arquivo Fusco nos mostra essa faceta mais analítica e ativista de sua prática com um espaço de documentação onde pesquisa, narrativa visual, poesia e crítica política se misturam.

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Uma parte relevante da turnê também inclui colaborações com a artista e performer Nao Bustamante, com quem Fusco tem trabalhado para abordar questões relacionadas à construção de identidade e representações de gênero. Duas peças significativas desse diálogo criativo podem ser vistas: Stuff, uma proposta que reflete sobre globalização, turismo e papéis sexistas; e Paquita y Chata, performance que recupera as figuras de bonecas Lupita mexicanas feitas de papel machê, tradicionalmente associadas à imagem das prostitutas.

Fusco trabalha há décadas a partir dessa encruzilhada entre pensamento, criação e denúncia. Ele colaborou com diversas vozes da cultura cubana, tanto na ilha quanto em sua diáspora, e participou de eventos como a Bienal de Veneza e o Whitney. O que o MACBA mostra agora é uma oportunidade de mergulhar na jornada de um artista que soube observar o mundo de um lugar desconfortável, mas necessário, sempre colocando as questões necessárias sobre a mesa.

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