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Exposicions

Som e visão

Obra de Mariko Kumon
Som e visão

A Horizon Gallery está localizada em Colera, Alt Empordà, e é dirigida por Silvy Wittevrongel, galerista belga, e Ralph Bernabei, artista nova-iorquino. Apesar das dificuldades e de estarem na periferia dos epicentros artísticos, eles abrem a galeria todos os verões e são um exemplo de continuidade, razão pela qual o lema que usam desde o seu 30º aniversário é Still Rock'in. Ou seja, continuar "rockando", continuar com energia, atividade e entusiasmo, apesar da passagem do tempo ou das circunstâncias.

Todos os verões, a Galeria abre pontualmente e, quando a exposição é coletiva, propõem um tema conceitual que, juntamente com a revista que publicam sob o nome "Outer Horizons", configura a linha ideológica e estética da galeria. Algumas dessas diretrizes são: a arte une, não constrói muros, constrói pontes e estabelece "elos" entre diferentes aspectos da arte e um pano de fundo de espiritualidade indefinida. Essa ideia de estabelecer laços é confirmada nesta temporada com o lema "SOM E VISÃO".

Todos os artistas selecionados para a exposição têm interesse particular no diálogo entre som e imagem. Trata-se de exercitar a faculdade sinestésica de colocar o ouvido e o olho em funcionamento simultaneamente. A relação entre sons e cores cria associações emocionais e estéticas, e até mesmo fenômenos neurológicos. Os sons podem influenciar a percepção visual e vice-versa, criando uma interação frutífera entre a audição e a percepção visual. Uma expressão comum de Ralph Bernabei é "Fair chanter l´espace" (fazer o espaço cantar), a mesma ideia que reafirma o interesse que a sinestesia tem para este artista e galerista.

Edvard Lieber, artista americano, bastante interdisciplinar, pois é conhecido por seu trabalho como pianista concertista e compositor, além de artista visual. Também como documentarista, dada sua proximidade com Willem de Kooning, Leonard Bernstein, Robert Rauschenberg, Tennessee Williams, Andy Warhol, John Cage e Liv Ullmann, o que lhe facilitou a realização de um registro documental repleto de imagens e sons. Aqui vemos uma espécie de fotogramas abstratos.

Mariko Kumon, artista japonesa radicada em Barcelona, utiliza as linhas da pele como vibrações, com ritmos diversos, ziguezagueando como uma imagem visual feita com pele e que parece ser o registro material de uma voz ou de um som que não podemos ouvir.

Enrique Brinkmann, sempre se destaca que suas pinturas com pontos e ritmos, com sutis malhas filiformes, assemelham-se a partituras musicais. Em suma, como já foi dito dele, são "Pentagramas para sentir / Cartografias para pensar".

Evarist Vallès, após várias etapas, chegou à abstração, com composições lineares e descritivas. Mas, finalmente, criou uma abstração muito pessoal. Pinta fundos e atmosferas infinitos com cores intensas e pequenas tesselas em preto e branco.

Enric Ansesa, o artista gironense com sua poética da escuridão, utiliza nesta obra uma espécie de noite negra e silenciosa na qual pontos infinitos aparecem como sons no espaço, criando um tecido, constelações regulares.

O artista alemão Romain Finke utiliza a abstração como chama uma série de 2011 de "In a Silent Way" (De Forma Silenciosa). Ele alcança esse silêncio de cor usando, por exemplo, enxofre puro em vez de pigmentos amarelos, como na cozinha do alquimista. Sua forma de abstração busca repensar a natureza da percepção.

Jo Van Rijckeghem, artista belga, cria construções multicamadas, sobreposições de materiais residuais, une, conecta e "liga" materiais residuais muito diversos como uma "montagem". Ele cria uma sonoridade visual de transformação de materiais baseada em camadas.

Carme Pardo escreve na folha de apresentação que: “o jesuíta francês Louis-Bertrand Castel (1688-1755), inspirado pela Musurgia Universalis (1650) de Athanasius Kircher, anunciou no Mercure de France (1725) sua intenção de construir um cravo ocular, estabelecendo uma relação direta entre as sete cores do arco-íris e as sete notas da escala, este físico e matemático pretende iluminar com o cravo ocular, a harmonia que se esconde no universo”.

Em suma, noto o interesse que esta Galeria demonstrou por relações improváveis, pelo que chamei de "vínculos sinestésicos" em exposições anteriores, como "Ver a Palavra" ou "Tocar a Imagem". Nesse mesmo sentido, pode-se interpretar a proposta atual de relacionar SONS E IMAGENS. Esse anseio por relação talvez não seja, como diz Carmen Pardo, nada mais do que a "busca da harmonia que se esconde no universo" e que, acrescento, ela coloca em relação todas as coisas por meio da arte.

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