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A CoNCA coloca as pessoas no centro para repensar a política cultural

O relatório de 2024 aponta os desafios do setor cultural e apresenta propostas para garantir condições mais justas, sustentáveis e representativas.

International Style (Onyx Wall), Lúa Coderch (2013). Espai 13 Fundació Miró
A CoNCA coloca as pessoas no centro para repensar a política cultural
bonart barcelona - 17/06/25

O CoNCA trouxe mais uma vez à tona um debate necessário: o papel das pessoas no sistema cultural. Com seu último relatório sobre o estado da cultura e das artes na Catalunha, a organização defende que as políticas públicas deixem de girar em torno de estruturas e orçamentos e se concentrem em garantir direitos específicos para aqueles que vivem — e sobrevivem — na esfera cultural.

Um dos destaques deste ano é a publicação dos resultados de uma pesquisa sobre as condições de trabalho de artistas, criadores e profissionais da cultura, com a participação de mais de 1.200 pessoas. Segundo os dados, 40% precisam conciliar vários empregos para se sustentarem economicamente, apenas 35% ultrapassam o salário médio e quase um quarto não chega sequer ao salário mínimo. A desigualdade de gênero, a baixa filiação sindical, as dificuldades de acesso à formação e a falta generalizada de reconhecimento também são destaques. O relatório afirma que apenas 10% dos participantes são sindicalizados, o que, segundo o CoNCA, contribui para perpetuar a precariedade que está se tornando crônica.

Apresentado ontem, 16 de junho, no Parlamento da Catalunha e com uma sessão aberta ao público esta tarde no Museu Picasso de Barcelona, o relatório também faz um balanço da situação geral do setor. Observa uma recuperação do público e um aumento do volume de negócios em diversas áreas culturais. Em termos econômicos, o gasto público com cultura em 2024 atingiu 1,458 bilhão de euros, com uma média de 182 euros por habitante, o valor mais alto registrado até o momento. Apesar desse aumento, o CoNCA insiste que é necessário garantir uma melhoria real nas condições de vida das pessoas que tornam essa cultura possível.

A CoNCA coloca as pessoas no centro para repensar a política cultural Margarida Troguet, de l'informe a la Margarida Troguet, presidenta del CoNCA, entrega l’informe a la consellera de Cultura, Sònia Hernández Almodóvar, acompanyada dels altres membres del plenari.

Entre as recomendações propostas pelo Plenário estão a implementação efetiva da Lei de Direitos Culturais, a aprovação de sua regulamentação e uma dotação financeira específica para torná-la realidade. Aponta-se também a necessidade de promover a igualdade e a reconciliação, fortalecer a presença do catalão no ambiente digital e audiovisual e rever os modelos de colaboração público-privada, especialmente nos casos que afetam serviços básicos, como bibliotecas ou centros cívicos.

Em relação à educação, o documento destaca a importância de trabalhar em estreita colaboração com as escolas para aproximar as artes da sala de aula. O Programa para o fortalecimento da presença das artes e da cultura na educação é avaliado positivamente, com base no compromisso adquirido durante o 1º Fórum de Artes na Educação. O CoNCA considera que é necessário ir além e incorporar as artes como ferramenta pedagógica transversal, capacitar professores e estabelecer alianças com entidades culturais do território.

Também estão incluídas propostas para que a diversidade não seja apenas uma declaração de intenções. Elas destacam a necessidade de abrir as portas para grupos que frequentemente foram excluídos da narrativa cultural dominante e de refletir essa pluralidade por meio de conteúdo, treinamento e ações concretas. Nas palavras da própria Plenária: “Sem dignidade no trabalho, não pode haver um sistema cultural justo, inclusivo ou transformador” .

Por fim, o relatório defende menos obstáculos burocráticos e mais estabilidade para projetos culturais de longo prazo. Entre outros pontos, propõe financiamento plurianual e maior coordenação entre as administrações. Também defende a consolidação do Observatório da Cultura com recursos e colaborações com universidades e entidades especializadas para aprimorar a análise e o monitoramento do setor.

Em resumo, o relatório do CoNCA fornece dados, contexto e propostas sobre uma realidade que o setor cultural vem denunciando há algum tempo. Para isso, prioriza questões como a melhoria das condições de trabalho, a equidade no acesso e a eficiência das políticas públicas, com o objetivo de construir um sistema cultural mais sólido, plural e equilibrado.

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