Ontem, 11 de maio, Jaume Plensa foi nomeado membro da Real Academia de Belas Artes de San Fernando. O escultor barcelonês foi escolhido como acadêmico número 37 e aproveitou sua intervenção para compartilhar algumas das ideias que o acompanharam ao longo de sua carreira. Em um discurso intitulado De mim para nós, Plensa destacou o papel fundamental que a arte pode desempenhar na sociedade atual, destacando a necessidade de os artistas não permanecerem à margem da realidade que os cerca. Ele pediu aos criadores que corressem riscos e se comprometessem totalmente, não apenas com seu trabalho, mas também com a maneira como ele se relaciona com o espaço público, o ambiente cultural e o pensamento coletivo.
Plensa enfatizou a necessidade de adotar uma perspectiva crítica sobre um mundo marcado por desequilíbrios sociais e ambientais. "Nossa sociedade convive anonimamente com a pobreza, a fome, a violência ou a dor: guerras por toda parte, deslocamentos coletivos, destruição da natureza, desinformação. Talvez por tudo isso, eu pense que, no momento atual, a arte é mais necessária do que nunca", afirmou ele durante seu discurso. O artista também agradeceu às pessoas que apoiaram sua candidatura, o escultor Juan Bordes e os professores Simón Marchán e Víctor Nieto, destacando sua trajetória e reconhecendo-os como um incentivo para seu futuro compromisso com a instituição. Além disso, ele dedicou algumas palavras ao seu antecessor, o escultor Julio López, a quem substitui no cargo.
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Com uma carreira de mais de quatro décadas, Plensa percorreu diversas formas de expressão. Além das esculturas de grande formato que frequentemente ocupam espaços urbanos, ele também trabalhou em projetos cênicos para ópera e desenvolveu uma produção mais intimista que inclui desenhos, trabalhos gráficos e livros de artista. Sua maneira de entender a arte envolve uma constante experimentação com materiais e formatos: do ferro e bronze ao vidro, luz ou mesmo som e água. Já na década de oitenta ele começou a explorar essas combinações, buscando novas formas de se conectar com o público e a paisagem arquitetônica.
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Nascido em Barcelona em 1955, ele teve sua primeira exposição individual em 1980. Ao longo do tempo, ele colaborou com instituições ao redor do mundo e lecionou na École Nationale des Beaux-Arts em Paris e na School of the Art Institute em Chicago, para onde retornou frequentemente como professor convidado. Seu trabalho pode ser encontrado em espaços públicos de cidades como Seul, Chicago, Paris e Barcelona, entre muitas outras, e ele frequentemente busca se integrar ao ambiente em vez de se destacar dele, entendendo a escultura como parte da paisagem, e não como um objeto autônomo.
Seu trabalho foi reconhecido com vários prêmios, como a Medalha dos Cavaleiros das Artes e Letras da França, o Prêmio da Fundação Atelier Calderel, o Prêmio Nacional de Belas Artes da Generalitat de Catalunya ou o Prêmio Velázquez, entre outros. Este novo passo na Royal Academy of Fine Arts se soma a uma trajetória sólida e repleta de cumplicidade com instituições do mundo todo. Plensa continua assim uma carreira que nunca para, marcada pela pesquisa constante e pelo desejo de abrir janelas entre a arte e o mundo.
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