As salas 16 e 17 do Museu Nacional de Arte da Catalunha são os espaços onde os quatro técnicos de Aragão trabalham a portas fechadas para verificar o estado das pinturas de Sixena. Realizaram escaneamento, fotogrametria e inspeção das famosas pinturas murais, em uma nova fase de todo esse litígio.
Os técnicos da comunidade autônoma devem avaliar como trasladar este conjunto datado dos séculos XII e XIII que decorava o real Mosteiro de Santa Maria de Sixena, fundado pela rainha Sança de Castela, esposa de Afonso o Casto, rei de Aragão.
Nesta nova fase, resta a questão: o que os técnicos farão? Uma equipe que iniciou o trabalho de levantamento fotogramétrico, técnica que permite uma comparação precisa entre as pinturas murais preservadas e as da Sala Capitular do Mosteiro de Sixena, em Huesca, o espaço que as abrigará novamente. Essa estratégia é um passo fundamental para garantir a correta transferência e a futura conservação das obras em seu local original.
Ao mesmo tempo, está previsto solicitar acesso a toda a documentação relacionada ao tratamento e conservação das pinturas murais, bem como compilar informações detalhadas sobre as condições ambientais das salas 16 e 17, onde as obras estão atualmente conservadas. Apesar desses avanços, fontes aragonesas indicam que, até o momento, a equipe técnica não recebeu a documentação necessária, essencial para uma intervenção adequada que respeite o valor patrimonial das pinturas.
Após a devolução dos murais à Sala Capitular, o Governo de Aragão indicou que serão aplicadas as medidas de preservação correspondentes, em conformidade com o disposto no decreto de medidas emitido pela autoridade judicial. Em outras palavras, será garantido que as condições de conservação sejam ótimas e atendam aos padrões exigidos em matéria de patrimônio histórico.
O retorno das pinturas: qual o enquadramento cronológico?
O MNAC terá que devolver as pinturas de Sixena a Aragão por decisão judicial. Um litígio que corre paralelo a outros casos em aberto de patrimônio espanhol, mas neste caso o prazo é de sete meses para a devolução das obras. Vale lembrar que Rocío Pilar Vargas, juíza do caso, deu ao Museu Catalão a opção de criar um prazo alternativo.
Declarações de Salvador Illa e Jorge Azcón sobre o caso
O presidente da Generalitat, Salvador Illa, respondeu às acusações do presidente de Aragão, Jorge Azcón, que o acusou de "mentir" e de não ter demonstrado uma atitude colaborativa no processo de devolução dos murais de Sixena. Illa defendeu o trabalho das instituições catalãs na preservação do patrimônio artístico, destacando a contribuição do Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC) na conservação de obras que, em suas palavras, "não existiriam se não fosse pelo trabalho do MNAC". Ele também observou que o reconhecimento desse trabalho deveria ser o primeiro gesto do governo aragonês.
Em contrapartida, Azcón afirmou que Illa lhe havia garantido colaboração na transferência das obras, mas sustenta que a atitude demonstrada tanto pela Generalitat quanto pela Prefeitura de Barcelona e pelo Ministério da Cultura foi "radicalmente contrária" ao compromisso assumido. Nesse contexto, o presidente aragonês insinuou dúvidas sobre a palavra de Illa: "Ou ele me mentiu, ou não tem capacidade para controlar os órgãos da Catalunha", afirmou.
Essa troca de críticas demonstra a tensão política em torno do complexo processo de restituição das pinturas murais de Sixena, uma questão que transcende a esfera jurídica e entra plenamente na disputa institucional e territorial.