A inauguração do Centre d'Estudis d'Art Contemporani, às sete horas da tarde de ontem, foi a melhor homenagem que um artista pode receber de seu país. Não só subiram à montanha de Montjuïc comerciantes e diretores de galerias de arte e museus. Entre os muitos presentes – mil, dois mil? – que percorreram as salas de Josep Lluí Sert pela primeira vez em horas, houve uma representação notável da arte e da literatura catalãs. Foi uma festa repleta de otimismo, cor e engenho, três constantes da obra de Joan Miró. O ato não foi oficial, mas simplesmente a presença de Tàpies, Brossa, Capmany, Chillida, Portabella, Bohigas.
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Com estas palavras, Lluís Bonada, jornalista do Diario de Barcelona, descreveu a cerimônia de inauguração do principal, na época, espaço cultural de referência da cidade de Barcelona, no qual contribuíram figuras destacadas que impulsionaram a modernidade na Catalunha, com especial destaque para a figura de Joan Prats, fundamental na criação do Centro de Estudos de Arte Contemporânea (CEAC), fruto da vontade compartilhada por Joan Miró, Josep Lluís Sert e o grupo Club 49 de criar um espaço cultural progressista e internacional em Barcelona.
L'exposició dels 50 anys de la Miró 'La poesia tot just ha començat. 50 anys de la Miró'
Este 2025 será um ano repleto de atividades na Fundació Joan Miró, coincidindo com a celebração do cinquentenário da inauguração de seu emblemático edifício em Montjuïc, construído pelo arquiteto racionalista Josep Lluís Sert, em parceria com o artista Joan Miró. A comemoração começou ontem, 10 de junho — data que coincide com a inauguração do museu há cinquenta anos — com a exposição A poesia acaba de começar. 50 anos de Miró. Com curadoria de Blanca Arias, Martina Millà e Ramon Balcells, a exposição se estrutura em torno de quatro eixos temáticos: os momentos-chave da história da fundação, os primeiros anos de funcionamento do CEAC até a morte de Miró em 1983, a transformação da fundação a partir dos anos oitenta e, por fim, a homenagem aos artistas que fizeram parte da história recente da instituição. Complementada por três espaços específicos com infográficos dedicados à história da fundação e de seus artistas, uma instalação audiovisual sobre exposições temporárias anteriores e um laboratório de experimentação com materiais coletados para a ocasião, a exposição se estrutura como uma bela ars combinatoria que abraça arte, arquitetura e paisagem, principais fundamentos na concepção do projeto arquitetônico.
Joan Miró não apenas se considerava um homem livre, guiado pelo espírito puro, mas também considerava sua arte fruto desse espírito que residia nele como uma essência concreta e real. Essa essencialidade é também a busca desta equipe curatorial que abraça a memória de um legado para olhar para o futuro, sempre sob o rastro do grande criador.
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