O Centro de Arte Contemporânea Piramidón acolhe a exposição A Forma do Vazio da artista argentina Sandra Sanseverino (Buenos Aires, 1971). A exposição reúne uma série de obras que percorrem os limites da abstração pictórica para refletir sobre o vazio, a espiritualidade e o uso da cor preta como eixo conceitual e material.
A forma do vazio, que pode ser visitada até 16 de setembro, representa uma nova etapa no processo artístico de Sanseverino, que entende a técnica não apenas como um meio, mas como um conteúdo em si. Como aponta Ricard Casals Coiduras, o artista adota a máxima de Marshall McLuhan, “O meio é a mensagem”, para enfatizar que “a técnica é em si mesma um reflexo”.
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Em sua abordagem do vazio, Sanseverino propõe uma leitura muito distante do medo que predomina na tradição ocidental. De uma perspectiva próxima às culturas orientais e a certos discursos pictóricos, o vazio é concebido como uma oportunidade de libertação: "Esvaziar-se, esgotar ideias, recursos. Reiniciar-se, como um dispositivo bloqueado. Paradoxalmente, o vazio é a condição para a criação da forma", afirma Casals.
Um dos temas centrais da exposição é a exploração do preto como dimensão pictórica. Nas palavras do próprio artista: “... Percebi que pintar com a cor preta é tão natural quanto a noite é parte do dia. Compreendendo que não se pode conhecer tudo, concentrei minha atenção em um único elemento da pintura por necessidade, com o desejo de me aprofundar nele e desenvolvê-lo. E descobri que ele é composto por todos os outros. Assim como 'um indivíduo' pode refletir 'humanidade'.”
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