No final de 2025, chega ao fim um ano especialmente significativo para o Espai 13, iniciado com a intervenção de Josu Bilbao e com curadoria de Carolina Jiménez, que marcou o início de um novo ciclo de exposições. Agora, o foco se volta para a mais recente proposta deste programa: Quem tem medo da ideologia? Parte 5: Direito de passagem , de Marwa Arsanios, uma obra que pode ser visitada até 18 de janeiro e que convida à reflexão sobre as tensões entre política, território e arte contemporânea.

Exposição Quem Tem Medo da Ideologia? Parte 5: Direito de Passagem, de Marwa Arsanios. Integrada ao ciclo Espai 13 "Como daqui", com curadoria de Carolina Jiménez © Fundació Joan Miró, Barcelona. Fotos de Roberto Ruiz.
Marwa Arsanios (Washington DC, 1978) é a autora desta exposição, apresentada em coprodução com a Fondazione Sandretto Re Rebaudengo, em Turim, e o Artium Museoa, em Vitoria-Gasteiz. A obra exposta constitui a quinta parte da série em curso Quem Tem Medo da Ideologia? (2017-), um ambicioso projeto no qual a artista explora temas relacionados à propriedade, ao direito, à economia e à sustentabilidade ambiental.
Para Arsanios, o cinema funciona como um instrumento que permite conectar lutas e estabelecer ressonâncias entre diversos contextos, todos imbuídos da necessidade de imaginar novas formas de vida compartilhada. Segundo a curadora Carolina Jiménez, o cinema de Arsanios atua como um ponto de referência onde pontos de vista e vozes são constantemente redefinidos, tornando-se um espaço de confronto a partir do qual é possível imaginar novas formas de vida compartilhada.

Exposição Quem Tem Medo da Ideologia? Parte 5: Direito de Passagem, de Marwa Arsanios. Integrada ao ciclo Espai 13 "Como daqui", com curadoria de Carolina Jiménez © Fundació Joan Miró, Barcelona. Fotos de Roberto Ruiz.
Desde o início, o trabalho de Marwa Arsanios aborda a pesquisa com rigor, concebendo o discurso não como um exercício puramente teórico, mas como resultado das relações materiais que o configuram e moldam. A artista questiona as construções ideológicas que condicionam a percepção — e até mesmo o próprio ato de filmar — enquanto documenta e acompanha práticas que sustentam formas alternativas de coexistência. Arsanios teceu uma verdadeira ecologia de resistência, conectando o Movimento Autônomo de Mulheres Curdas no Iraque e na Síria com cooperativas agrícolas em Tolima, Colômbia, e no norte do Líbano, explorando formas de aprendizado comunitário, autogoverno, autodefesa e jurisprudência baseadas no direito de uso, em oposição à propriedade da terra.
A trama de Quem Tem Medo da Ideologia? Parte 5: Direito de Passagem é animada por dois tipos de personagens. Por um lado, alguns roedores que falam e se comportam como se fossem humanos. De início, confessam estar um pouco desorientados: encontram-se em um lugar que não reconhecem. Ou melhor, onde não são reconhecidos. Estão em um território inadequado, não seu, de propriedade privada. Por outro lado, observamos uma personagem feminina que somatizou a hipótese de que o mundo contemporâneo não é apenas governado por ciclos de exploração e esgotamento, mas também atravessado por uma profunda lógica de fadiga. Ela tem um semblante sonolento, curvado e mancando. Carrega o peso de uma herança insuportável, de uma profecia autorrealizável. (Folheto da sala de exposição)