Galerista e figura fundamental da cena artística barcelonesa, Josep Anton Carulla dedicou sua vida à promoção da arte contemporânea, com atenção especial aos jovens criadores e às propostas mais inovadoras, contribuindo decisivamente para abrir novos caminhos na cena artística da cidade.
Iniciou sua carreira como colaborador próximo do renomado galerista Ignacio de Lassaletta, responsável pela galeria homônima localizada no número 47 da Rambla de Catalunya, ativa desde 1977. Nesse contexto, Carulla desempenhou um papel fundamental como curador de exposições e descobridor de talentos emergentes. Com espírito inquieto e vontade de impulsionar o próprio projeto, fundou em 2005, junto com Lassaletta, a Galeria N2, no número 61 da rua Enric Granados. Este novo espaço foi concebido como uma plataforma para a arte mais inovadora e pioneira, e a resposta do público foi imediata, transformando rapidamente a galeria em uma das mais ativas e relevantes da cidade.
Carulla era uma pessoa de grande gentileza e capacidade relacional, que sabia se conectar com artistas, colecionadores e visitantes. As inaugurações que ele organizava eram frequentemente lotadas, reflexo de uma comunidade artística que encontrava nele um interlocutor próximo e entusiasmado. Entre as muitas exposições destacadas que promoveu na Galeria N2, cabe lembrar as primeiras exposições de grafiteiros —quando ainda não estavam legitimados pelo sistema galerista—, uma significativa exposição dedicada a Aurèlia Muñoz em uma época de injusto esquecimento, ou a primeira exposição em Barcelona do artista mexicano Javier Marín, antes de ser reconhecido internacionalmente e um dos possíveis candidatos a participar de projetos como a fachada principal da Sagrada Família, ao lado de Miquel Barceló e Cristina Iglesias.
A Galeria N2, que teve que fechar em 2023 por motivo de força maior, já faz parte da história do setor de galerias de Barcelona. Sua última exposição, em setembro daquele ano, foi uma sentida homenagem a Ignacio de Lassaletta, tornando-se também um ato de despedida de um palco vital para a arte contemporânea da cidade.
Com a morte de Josep Anton Carulla, desaparece uma figura fundamental para entender o desenvolvimento da arte jovem em Barcelona nas últimas décadas. Seu legado, no entanto, continua vivo nas carreiras dos artistas que ele ajudou a promover e nas memórias de todos aqueles que o conheceram.