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Exposicions

Marta Palau: terra, corpo e identidade

Uma olhada na obra do artista catalão-mexicano no Museu Tàpies.

Naualli IV. Protecció de tardor, Marta Palau (1990). Col·lecció Marta Gassol Palau.
Marta Palau: terra, corpo e identidade
bonart barcelona - 27/02/25

O Museu Tàpies abre suas portas para Marta Palau. Meus caminhos são terrestres, uma retrospectiva que reivindica a herança desta artista catalã, mexicana nacionalizada, e coloca sua trajetória em diálogo com as tensões do nosso tempo. O título da exposição, que faz referência a uma exposição que Palau apresentou em 1985 no México, sintetiza seu pensamento: a terra como matéria, como lar, como fronteira e como origem.

De Albesa, cidade de Lleida onde nasceu em 1934, até a Cidade do México, onde morreu em 2022, Palau construiu uma linguagem artística singular que aborda deslocamento, território e identidade. O exílio de seus pais em 1941 a levou para Tijuana, uma área de fronteira que deixou uma marca profunda em seu trabalho. Com uma visão que conecta a tradição indígena com a vanguarda, seu trabalho aborda dor e resistência, perda e reconstrução.

A exposição reúne desenhos, pinturas e grandes instalações têxteis, acompanhados de documentos de seu arquivo pessoal nunca antes expostos, e se estrutura em torno de dois conceitos essenciais: a terra como espaço de migração, exílio e recepção, e o corpo como testemunha do trauma e da superação, capaz de fertilizar. O passeio começa com duas peças principais: Cascada e Ilerda V, uma tapeçaria que homenageia sua terra de origem. Sua relação com os têxteis, fruto do aprendizado com Josep Grau-Garriga, se reflete na maneira como ele trabalha o material, dando volume às fibras e convertendo materiais simples em artefatos cheios de significado.

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Esta exposição não quer apenas mostrar a obra de Palau, mas também resgatar figuras-chave da história da arte que permaneceram à margem dos discursos hegemônicos. Como afirma a curadora Imma Prieto, "o trabalho de Marta Palau restaura nossa memória e nossa história, abrindo espaços para reflexão e resistência". Marta Palau não se limitou a criar, mas também promoveu estruturas de apoio à arte no México, com presença destacada em eventos internacionais como a Bienal de São Paulo ou a Bienal de Havana. Apesar de ter sido reconhecida primeiro no Brasil e em Cuba do que em seu próprio país de adoção, sua influência no México foi se consolidando ao longo do tempo, até que ela recebeu o Prêmio Nacional de Ciências e Artes em 2010.

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Segundo sua filha, Marta Gassol, Marta Palau foi uma mulher apaixonada pelo México e sua cultura, uma artista incansável e inovadora que demonstrou que a arte pode nascer dos materiais mais humildes. Feminicídios e violência de gênero marcaram uma etapa crucial em seu trabalho, guiando-a em direção a uma exploração do poder feminino e da memória ancestral. Agora, Marta Palau retorna à Catalunha e chega ao Museu Tàpies, um espaço onde sua obra se encontra com a de uma de suas grandes referências, Antoni Tàpies. Os dois artistas compartilhavam uma visão do corpo e da matéria, explorando-os a partir de uma dimensão telúrica e alquímica. Palau, que em diversas entrevistas reivindicou a influência de Tàpies, estabelece assim um profundo vínculo entre seu legado e o de um dos grandes nomes da arte contemporânea.

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